Dizem que foi Gregório o Grande quem incluiu a preguiça na lista dos pecados capitais junto à gula, luxúria, avareza, ira, soberba e inveja. Cá entre nós, dá até preguiça pensar em todos!
Preguiça pode refletir dificuldade em perceber quando é hora de iniciar uma tarefa ou deliberadamente adiar seu início, procrastinar, empurrar com a barriga mesmo percebendo que é preciso iniciá-la. Menos frequentemente ocorre em situações de prazer, afinal, “comer e coçar é só começar”. Na maioria das vezes, é certo, surge em condições de menor motivação, seja para tomar banho, escovar os dentes ou estudar para a criança ou fazer o imposto de renda, pagar contas ou trabalhar para o adulto. No entanto, outras tantas vezes, ocorre independente da motivação, de forma pervasiva (de forma indesejada) na vida da criança, adolescente ou adulto, trazendo prejuízo significativo no seu funcionamento.
Seja pecado capital ou disfunção executiva, a dificuldade de iniciar encontra-se associada a desfechos negativos para o desenvolvimento da criança.
Crianças com dificuldades de iniciar apresentam risco 1,8 (95%IC 1,6-2,1) vezes maior de baixo desempenho escolar (ou 80% maior), 2,9 (95%IC 2,7-3,2) vezes maior de problemas de saúde mental (ou 190% maior) e 8,4 (95%IC 5,5-12,9) vezes maior de associação ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (740% maior) 1.
Crianças com dificuldades nessa habilidade demoram a iniciar suas tarefas escolares ou de casa (escovar os dentes, tomar banho, se trocar, tomar as refeições e dormir), deixando tudo para a última hora. Isso frequentemente causa um grande desgaste aos pais que precisam repetir várias vezes o mesmo comando, chegando a perder a paciência. Crianças que têm dificuldade para dar início e perseverar em atividades frequentemente também apresentam problemas com planejamento e organização. Elas podem ficar tão sufocadas com tudo que têm a fazer, que acabam não fazendo nada.
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