sexta-feira, 22 de abril de 2016

A criança e a preguiça


      Dizem que foi Gregório o Grande quem incluiu a preguiça na lista dos pecados capitais junto à gula, luxúria, avareza, ira, soberba e inveja. Cá entre nós, dá até preguiça pensar em todos! 


      Preguiça pode refletir dificuldade em perceber quando é hora de iniciar uma tarefa ou deliberadamente adiar seu início, procrastinar, empurrar com a barriga mesmo percebendo que é preciso iniciá-la. Menos frequentemente ocorre em situações de prazer, afinal, “comer e coçar é só começar”. Na maioria das vezes, é certo, surge em condições de menor motivação, seja para tomar banho, escovar os dentes ou estudar para a criança ou fazer o imposto de renda, pagar contas ou trabalhar para o adulto. No entanto, outras tantas vezes, ocorre independente da motivação, de forma pervasiva (de forma indesejada) na vida da criança, adolescente ou adulto, trazendo prejuízo significativo no seu funcionamento.

      Seja pecado capital ou disfunção executiva, a dificuldade de iniciar encontra-se associada a desfechos negativos para o desenvolvimento da criança.

      Crianças com dificuldades de iniciar apresentam risco 1,8 (95%IC 1,6-2,1) vezes maior de baixo desempenho escolar (ou 80% maior), 2,9 (95%IC 2,7-3,2) vezes maior de problemas de saúde mental (ou 190% maior) e 8,4 (95%IC 5,5-12,9) vezes maior de associação ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (740% maior) 1.


      Crianças com dificuldades nessa habilidade demoram a iniciar suas tarefas escolares ou de casa (escovar os dentes, tomar banho, se trocar, tomar as refeições e dormir), deixando tudo para a última hora. Isso frequentemente causa um grande desgaste aos pais que precisam repetir várias vezes o mesmo comando, chegando a perder a paciência. Crianças que têm dificuldade para dar início e perseverar em atividades frequentemente também apresentam problemas com planejamento e organização. Elas podem ficar tão sufocadas com tudo que têm a fazer, que acabam não fazendo nada.


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quarta-feira, 13 de abril de 2016

DISLEXIA


Dentre muitas coisas que vejo na internet, me deparei com uma nova comunidade chamada brain4child. Trata-se de uma rede social, assim como o facebook, mas que diz respeito a assuntos que envolvem neurologia e aprendizagem. Lá encontrei uma apostila sobre a DISLEXIA, criada por Leila Bambino. Parte do conteúdo desta apostila está logo abaixo:

O que é dislexia?
Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica. A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos linguísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1." Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição socioeconômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico. Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico,
direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.

Há tratamento para a dislexia?
O principal foco do tratamento para dislexia deve ser nos problemas específicos de aprendizado da pessoa afeta. O curso usual do tratamento é modificar os métodos de ensino e ambiente educacional para atender às necessidades específicas da pessoa com dislexia. 

Qual é o prognóstico para pessoas com dislexia?
Para aqueles com dislexia o prognóstico é variado. A dislexia afeta uma gama tão ampla de pessoas, produzindo diferentes sintomas e variados níveis de gravidade, que previsões são difíceis de ser feitas. Porém, o prognóstico é geralmente bom para pessoas nas quais a dislexia foi identificada prematuramente, tem família e amigos que dão suporte, e que estão envolvidos em programas apropriados de remediação. 

Como identificar a dislexia?
Haverá sempre:
  • dificuldades com a linguagem e escrita;
  • dificuldades em escrever;
  • dificuldades com a ortografia;
  • lentidão na aprendizagem da leitura.

Haverá muitas vezes:
  • disgrafia (letra feia);
  • discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada;
  • dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização;
  • dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar sequências de tarefas complexas;
  • dificuldades para compreender textos escritos;
  • dificuldades em aprender uma segunda língua.

Haverá às vezes:
  • dificuldades com a linguagem falada;
  • dificuldade com a percepção espacial;
  • confusão entre direita e esquerda.

DISLÉXICO NA SALA DE AULA

Lidando com um aluno disléxico, o professor deve ter conhecimento e sensibilidade. Algumas estratégias podem usadas para facilitar o aprendizado do aluno disléxico:
  • Uso frequente de material concreto: relógio digital, calculadora, gravador, material dourado;
  • Confecção do próprio material para alfabetização, como desenhar, montar uma cartilha;
  • Uso de gravuras, fotografias (a imagem é essencial para sua aprendizagem);
  • Folhas quadriculadas para matemática;
  • Máscara para leitura de texto;
  • Letras com várias texturas;
  • Fazer revisões frequentemente;
  • Evitar ou dar mais tempo para que copie do quadro, pois isso é sempre um problema;
  • Para ler palavras longas, ensinar a separá-las com uma linha a lápis;
  • Não forçar a modificar sua escrita, pois ela sempre acha sua letra horrível e não gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo;
  • Dar menos dever de casa e avaliar a necessidade e aproveitamento deste;
  • Dar um tempo maior para realizar as avaliações escritas. Uma tarefa em que a criança não disléxica leva 20 minutos para realizar, a disléxica pode levar duas horas;
  • Sempre que possível , a criança deve ser encorajada a repetir o que lhe foi dito para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para melhorar a memória;
  • Usar sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e principalmente nas escritas;
  • Uma língua estrangeira é muito difícil para eles; 
  • Fazer suas avaliações sempre em termos de trabalhos e pesquisas;
  • A criança disléxica deve sentar-se próxima à professora, de modo que a professora possa observá-la e encorajá-la a solicitar ajuda;
  • Não esperar que ela use corretamente e autonomamente um dicionário para verificar como é a escrita correta da palavra. A habilidade de uso de dicionário deve ser cuidadosamente ensinada;
  • Evitar dar várias regras de escrita numa mesma semana. Por exemplo, os vários sons do "C" ou "G". Dar lista de palavras com uma mesma regra para a criança aprender, sendo uma a cada semana.

A professora deve ter muita sensibilidade para que suas atitudes não diminuam a autoestima do aluno disléxico, já tão frágil. Algumas atitudes e comportamentos podem ser feitos para isso:

  • Evitar dizer que ela é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros alunos da classe;
  • Ela não deve ser forçada a ler em voz alta em classe a menos que demonstre desejo em fazê-lo;
  • Suas habilidades devem ser julgadas mais em sua respostas orais do que nas escritas;
  • Demonstrar paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo;
  • Não riscar de vermelho seus erros ou colocar lembretes tipo: Estude! Precisa estudar mais! Precisa melhorar!;
  • Procurar não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz infeliz;
  • Não considerar as trocas na escrita como erro por falta de cuidado, tirando pontos de seu trabalho;
  • Procurar não reforçar sentimentos que minimizam sua autoestima.


     Gostaria de lembrar que o diagnóstico da dislexia deve ser realizado sempre por uma equipe multidisciplinar, onde muitos profissionais estão envolvidos. (Fonoaudiólogo, Psicopedagogo,
Neurologista, Otorrinolaringologista). 

Fonte: www.brain4child.com.br