segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desenvolvimento da Linguagem Humana

Até 1 ano:

Nos primeiros 6 meses o bebê emite vocalizações e sons guturais.

Dos 6 aos 8 meses o bebê apresenta balbucio repetitivo e a imitação da entonação.

Em torno dos 12 meses iniciam-se as primeiras verbalizações com significado.

Com 1 ano a criança conhece seu nome; Diz 2 a 3 palavras além de “mama” e “papa”; Imita palavras familiares; Compreende ordens simples; Reconhece as palavras como símbolos para objetos.

Entre 1 e 2 anos: aos 18 meses a criança pode apresentar um vocabulário com 50 palavras. Entre 18 e 24 meses seu vocabulário se amplia e se aproxima de 200 palavras.Compreende a palavra “não”; Combina duas palavras; Reproduz o som de animais conhecidos; Aponta figuras de um livro quando nomeadas; Segue comandos simples.

Entre 2 e 3 anos: Usa sentenças curtas, de 3 a 4 vocábulos; nomeia figuras e objetos comuns; Identifica partes do corpo; Apresenta um vocabulário de 450 palavras; Combina nomes e verbos; Conversa com outras crianças assim como com adultos; Aprecia ouvir a mesma história várias vezes.

Entre 3 e 4 anos: Nessa fase a criança possui um vocabulário de aproximadamente 1.000 palavras; já compreende ordens mais longas, conversas, histórias e músicas; sua fala é mais fácil de ser compreendida por pessoas de fora de sua convivência; se comunica por sentenças simples de 4 a 5 palavras; relata experiências pessoais, ainda sem muitos detalhes.

Entre 4 e 5 anos: Seu vocabulário aumenta para 1.500 palavras; compreende questões mais complexas; consegue usar o tempo verbal no passado; é capaz de definir algumas palavras; sabe listar ítens que pertençam a mesma categoria, tais como animais, carros etc; explica como realizar algumas atividades, tais como pintar.

Entre 5 e 6 anos: A criança nessa idade apresenta as habilidades de linguagem bem desenvolvidas; aprende palavras mais especializadas de seu centro de interesse; expande sua habilidade em compreender fenômenos explicados verbalmente; pronuncia todos os sons da língua com clareza; elabora sentenças mais complexas e gramaticalmente corretas; apresenta um bom vocabulário que está em contínuo crescimento; é capaz de iniciar conversação e sabe esperar sua vez de falar quando em grupo.



Distinção entre Fala e Linguagem

A fala é a expressão verbal da linguagem e envolve a articulação dos sons para a produção de palavras.

A linguagem é muito mais ampla e se refere a todo o sistema de expressão e recepção da informação. Consiste em compreender e ser compreendido por meio da comunicação verbal, não verbal e escrita.

Apesar dos problemas de fala e de linguagem serem diferentes, com freqüência eles se superpõem.

Uma criança com dificuldades de linguagem pode pronunciar as palavras corretamente, mas não ser capaz de unir mais de duas palavras. Por outro lado, talvez seja difícil compreender a fala de uma outra criança, apesar dela utilizar palavras e frases para expressar suas ideias. É possível ainda encontrar uma terceira criança que fale corretamente, mas tenha dificuldades para seguir instruções.

sábado, 17 de abril de 2010

Jean Piaget - Fases do desenvolvimento cognitivo


Sir Jean William Fritz Piaget (Neuchâtel, 9 de agosto de 1896 — Genebra, 16 de setembro de 1980) foi um epistemólogo suíço, considerado o maior expoente do estudo do desenvolvimento cognitivo.


Estudou inicialmente biologia, na Suíça, e posteriormente se dedicou à área de Psicologia, Epistemologia e Educação. Foi professor de psicologia na Universidade de Genebra de 1929 a 1954; tornando-se mundialmente reconhecido pela sua revolução epistemológica. Durante sua vida Piaget escreveu mais de cinqüenta livros e diversas centenas de artigos.

Através da minuciosa observação de seus filhos e principalmente de outras crianças, Piaget impulsionou a Teoria Cognitiva, onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano: sensório-motor, Pré-operacional (Pré-Operatório), Operatório concreto e Operatório formal.


Piaget é hoje conhecido como um dos maiores nomes na Educação.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

TDAH na Escola


Uma sala de aula eficiente para crianças desatentas deve ser organizada e estruturada. A estrutura supõe regras claras, um programa previsível e carteiras separadas. Os prêmios devem ser coerentes e freqüentes. Um programa de reforço baseado em ganho e perda deve ser parte integral do trabalho da classe. A avaliação do professor deve ser freqüente e imediata. Interrupções e pequenos incidentes têm menores conseqüências se ignorados. O material didático deve estar adequado à habilidade da criança. Estratégias cognitivas que facilitam a auto-correção, assim como melhoram o comportamento nas tarefas, devem ver ensinadas. As tarefas devem variar, mas continuar sendo interessantes para os alunos. Os horários de transição, bem como os intervalos e reuniões especiais, devem ser supervisionados. Pais e professores devem manter uma comunicação freqüente. Os professores também precisam estar atentos à qualidade de reforço negativo do seu comportamento. As expectativas devem ser adequadas ao nível de habilidade da criança e deve-se estar preparado para mudanças.



Os professores devem ter conhecimento do conflito incompetência x desobediência, e aprender a discriminar entre os dois tipos de problema. É preciso desenvolver um repertório de intervenções para poder atuar eficientemente no ambiente da sala de aula de uma criança com TDAH. Essas intervenções minimizam o impacto negativo do temperamento da criança. Um segundo repertório de intervenções deve ser desenvolvido para educar e melhorar as habilidades deficientes da criança com TDAH.



Sugestões para Intervenções do Professor




Há uma grande variedade de intervenções específicas que o professor pode fazer para ajudar a criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula:




  1. Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente definidas)

  2. Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor, na parte de fora do grupo.

  3. Encorajar freqüentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças desanimam facilmente. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam necessárias e valorizadas. Começar com tarefas simples e gradualmente mudar para mais complexas.

  4. Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de madeira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude.

  5. Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno.

  6. Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer oportunidades sociais. Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos.

  7. Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor para o seu filho.

  8. Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores resultados do que duas tarefas de meia hora. Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com freqüência elimina a necessidade de ficar enfrentando a inabilidade de sustentar a atenção, e isso vai ajudar a auto-percepção.

  9. Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as plantas ou dar de comer ao mascote da classe.

  10. Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno tem um tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula.

  11. Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido ou bem planejado.

  12. Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade. Avaliação freqüente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante.

  13. Favorecer freqüente contato aluno/professor. Isto permite um “controle” extra sobre a criança com TDAH, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de reforço positivo e incentivo para um comportamento mais adequado.

  14. Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e proporcionar avaliaçãofreqüente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado.

  15. Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez, com um mínimo de distrações.

  16. Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar de recompensa para atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo.

  17. Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como exercícios de alongamento ou isométricos.

  18. Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem rabalho que a criança pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual de treinamento.

  19. Reparar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma intervenção adicional.

  20. Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja.

  21. Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente irá precisar de tempo extra para completar sua tarefa.

  22. Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração.

  23. Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico.
Prognóstico



Crianças com TDAH estão sujeitas ao fracasso escolar, a dificuldades emocionais e a um desempenho significativamente negativo como adultos quando comparadas a seus colegas. No entanto, a identificação precoce do problema, seguida de tratamento adequado, tem demonstrado que essas crianças podem vencer os obstáculos.



O tópico TDAH provavelmente continuará sendo o mais amplamente pesquisado e debatido nas áreas da saúde mental e desenvolvimento da criança. Coisas novas acontecem a cada dia. O Instituto Nacional de Saúde Mental acaba de completar um estudo multidisciplinar de 5 anos sobre tratamento de TDAH que proporciona uma série de respostas mais abrangentes sobre o diagnóstico, tratamento e desenvolvimento de pessoas portadoras de TDAH. Os estudos sobre genética molecular possivelmente cheguem a identificar o gene relacionado com esse distúrbio.



Com a crescente conscientização e compreensão da comunidade em relação ao impacto significativo que os sintomas do TDAH têm sobre as pessoas e suas famílias, o futuro parece mais promissor.



Texto de: Sam Goldstein (psicólogo, diretor do Centro de Neurologia,
Aprendizagem e Comportamento em Salt Lake City, Utah, USA,
autor de inúmeros livros sobre TDAH).



TDAH - Pontos estratégicos para os pais

Programas de treinamento para pais de crianças com TDAH freqüentemente começam com ampla divulgação de informação. Existe uma grande quantidade de livros, vídeos e fitas disponíveis com dados a respeito do transtorno em si e de estratégias efetivas que podem ser usadas por familiares. A lista que segue revê nove pontos de uma série de estratégias que podem ajudar os pais de crianças portadoras de TDAH (Goldstein e Goldstein, 1998).


1. Aprender o que é TDAH
Os pais devem compreender que, para poder controlar em casa o comportamento resultante do TDAH, é preciso ter um conhecimento correto do distúrbio e suas complicações.

2. Incapacidade de compreensão versus rebeldia
Os pais devem desenvolver a capacidade de distinguir entre problemas que resultam de incapacidade
e problemas que resultam de recusa ativa em obedecer ordens. Os primeiros devem ser tratados através da
educação e desenvolvimento de habilidades. Os outros são resolvidos de maneira satisfatória através de manipulação das conseqüências.

3. Dar instruções positivas
Pais devem cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira positiva ao invés de negativa. Uma indicação positiva mostra para a criança o que deve começar a ser feito e evita que ela focalize em parar o que está fazendo.

4. Recompensar
Os pais devem recompensar amplamente o comportamento adequado. Crianças com TDAH exigem
respostas imediatas, freqüentes, previsíveis e coerentemente aplicadas ao seu comportamento. Da mesma
maneira, necessitam de mais tentativas para aprender corretamente. Quando a criança consegue completar uma tarefa ou realiza alguma coisa corretamente, deve ser recompensada socialmente ou com algo tangível mais freqüentemente que o normal.

5. Escolher as batalhas
Os pais deveriam escolher quando e como gastar suas energias numa batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando conseqüências imediatas para comportamentos que não podem se ignorados e usando o sistema de créditos ou  pontos. É essencial que os pais estejam sempre um passo a frente.

6. Usar técnicas de “custo de resposta”
Os pais devem entender bem o que seja “custo de resposta”, uma técnica de punição em que se pode perder o que se ganhou.

7. Planejar adequadamente
Os pais devem aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira positiva e ativa. Aceitar o diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade de fazer modificações no ambiente da criança. A rotina deve
ser consistente e raramente variar. As regras devem ser dadas de maneira clara e concisa. Atividades ou
situações em que já ocorreram problemas devem ser evitadas ou cuidadosamente planejadas.

8. Punir adequadamente
Os pais devem compreender que a punição sozinha não irá reduzir os sintomas de TDAH. Punir deve ser uma atitude diretamente relacionada apenas a um comportamento declaradamente desobediente. No entanto, a punição só trará modificação de comportamento para crianças com TDAH se acompanhada de uma estratégia de controle.

9. Construir ilhas de competência
O que realmente importa para o sucesso dessa criança na vida é o que existe de certo com ela e não o que está errado. Cada vez mais, a área da saúde mental focaliza seu trabalho em aumentar os pontos fortes em vez de tentar diminuir os pontos fracos. Uma das melhores maneiras de criar pontos fortes é uma boa relação dos pais com seu filho.


TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade


Algumas vezes já ouvimos alguém dizer assim: “Esse menino não pára quieto, deve ser hiperativo!” ou “esse menino é muito desatento, não presta atenção a nada!”. Sempre há um equívoco quando se fala em TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Alguns pais por não entenderem do assunto, outras pessoas por confundirem crianças mal-educadas com hiperativas e por fim, profissionais que muitas vezes diagnosticam precocemente esse transtorno.

A principal origem do TDAH está na hereditariedade e cujas características são a falta de controle sobre a atenção, a impulsividade e a atividade motora. Exames de neuroimagem ligados à pesquisa sugerem que há uma hipoatividade do lobo frontal direito do cérebro durante atividades que exigem atenção concentrada, resultado de um metabolismo deficiente dos neurotransmissores, principalmente dopamina e noradrenalina. Isso resulta na falta de controle sobre as funções exercidas pelo lobo frontal direito. A incidência do transtorno é de 3% a 5% das crianças em idade escolar, dados estes confirmados no Brasil por Rohde (5,6%), cuja pesquisa foi realizada nas escolas públicas de Porto Alegre, e pelo grupo de estudo sobre TDAH da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, coordenado por Golfeto (3,82%) (Rhode, Mattos e cols., 2003).

Em geral, mais meninos são diagnosticados com TDAH do que meninas, em proporções que variam de 2:1, em estudos comunitários, até 9:1 em amostras clinicas. Essa diferença provavelmente se deve ao fato de, com freqüência, as meninas apresentarem TDAH com perfil predominante desatento, com poucos ou sem sintomas de hiperatividade. Assim, as meninas com TDAH acabam causando “menos incômodo” às famílias e à escola, e terminam sendo menos encaminhadas para diagnóstico e tratamento.

Pesquisas também mostraram que nas últimas décadas, 50 a 70% das crianças diagnosticadas com TDAH levam seus sintomas e problemas para a idade adulta. O diagnóstico do TDAH é bastante complexo e não deve ser limitado à meia hora de consulta com um profissional, já que outros quadros físicos e psicológicos apresentam sintomas semelhantes àqueles exibidos pela criança portadora do transtorno, como a Síndrome de Tourette, a Síndrome do X Frágil, vermes, depressão, perda de um familiar, dissolução da família etc. Os profissionais indicados para fazer o diagnóstico são: o neurologista, o psiquiatra como também o psicólogo e o pedagogo, estes devendo ter profundo conhecimento sobre desenvolvimento infantil.

A avaliação não deve se limitar ao exame neurológico do momento, mas deve incluir o histórico médico da criança e da família, bem como um levantamento do funcionamento atual da criança nos ambientes familiar, escolar e social. O resultado das avaliações psicológica e pedagógica é parte essencial do diagnóstico final. Os sintomas específicos do TDAH estão bem definidos pelo DSM IV, cujos critérios, também utilizados no Brasil, servem de base para o diagnóstico do transtorno: apresentar as características que definem os tipos; os sintomas devem ser constantes, com duração mínima de 6 meses; estarem presentes em mais de uma situação; serem mais intensos que o normal para o grupo etário e trazerem prejuízo para a vida do portador (APA, 1996). As duas listas elaboradas pelo DSM IV para definir os subtipos do transtorno levam em consideração comportamentos relacionados a habilidades e funções executivas que estão prejudicados em um portador. A predominância de um ou outro grupo de características é que define o tipo. Sintomas de Desatenção: dificuldades de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares; dificuldades de manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas e deveres de casa; evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exigem esforço mental constante; ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa; apresentar esquecimentos em atividades diárias ou perder coisas necessárias para as atividades. Sintomas de Hiperatividade: abandonar a cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; estar freqüentemente agitado, falando em demasia; mudar freqüentemente de atividades sem se ater a uma específica. Sintomas de Impulsividade: freqüentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas ou interrompe e mete-se em assuntos dos outros; constantes dificuldades em esperar sua vez.

O melhor procedimento diagnóstico e terapêutico a ser adotado diante de uma criança com TDAH é encaminhá-la para uma avaliação multidisciplinar procurando analisar todas as circunstâncias sociais, familiares e individuais que a rodeiam. É fundamental a compreensão que a patologia decorre de déficits de funções cerebrais básicas e que tais déficits repercutem-se sobre o comportamento da criança. As estratégias educativas e medicamentosas devem ter o objetivo de amenizar os efeitos destes déficits.

O TDAH é com freqüência apresentado, erroneamente, como um tipo específico de problema de aprendizagem. Ao contrário, é um distúrbio de realização. Sabe-se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldade em se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas do TDAH têm sobre uma boa atuação. Por outro lado, 20% a 30% das crianças com TDAH também apresentam um problema de aprendizagem, o que complica ainda mais a identificação correta e o tratamento adequado. Pessoas que apresentaram sintomas de TDAH na infância demonstraram uma probabilidade maior de desenvolver problemas relacionados com comportamento opositivo desafiador, delinqüência, transtorno de conduta, depressão e ansiedade. Os pesquisadores, no entanto, sugerem que o resultado desastroso apresentado por alguns adolescentes não é uma conseqüência apenas do TDAH mas, antes, uma combinação de TDAH com outros transtornos de comportamento, especialmente nos jovens ligados a atitudes criminosas e abuso de substâncias. 

Quanto antes se buscar apoio, mais chances a criança terá de apresentar um desenvolvimento adequado a sua faixa etária, sem grande disparidade quando comparada a outras crianças de sua idade sem TDAH.

 apsicologiaresponde.blogspot.com/.../tdah.html ;

domingo, 21 de março de 2010

O Cérebro e a Linguagem

Estruturas essenciais de mediação coordenam a atividade dos centros cerebrais. Alguns destes centros são especializados na elaboração dos conceitos, outros, na de palavras e frases.

Os neuropsicólogos que estudam a linguagem tentam compreender como utilizamos e combinamos palavras (ou signos, no caso de uma linguagem gestual) para formar frases e transmitir os conceitos elaborados pelo cérebro. Investigam também como compreendemos palavras expressas por outros e de que forma o cérebro as transforma em conceitos.

A linguagem surgiu e se manteve ao longo da evolução porque constitui um meio de comunicação eficaz, sobretudo para conceitos abstratos. Ela nos auxilia a estruturar o mundo em conceitos e a reduzir a complexidade das estruturas abstratas a fim de apreendê-las: é a propriedade de "compreensão cognitiva".

O termo "chave de fenda", por exemplo, evoca várias representações dessa ferramenta: as descrições visuais de sua aparência e utilização, as condições específicas de seu emprego, a sensação que provoca seu manuseio ou o movimento da mão quando a utiliza. Da mesma forma, a palavra "democracia" é associada a diversas representações conceituais. A "economia cognitiva" que a linguagem autoriza ao reagrupar numerosas noções sob um mesmo símbolo permite-nos elaborar conceitos complexos e alcançar níveis de abstração elevados.

Na aurora da humanidade, a palavra não existia. A linguagem surgiu quando o homem, e talvez algumas espécies que o precederam, soube conceber e organizar ações, elaborar e classificar as representações mentais de indivíduos, eventos e relações. Da mesma forma, os bebês concebem e manipulam conceitos e organizam inúmeras ações bem antes de pronunciar as primeiras palavras e frases. Entretanto, nem sempre a maturação da linguagem depende da dos conceitos: algumas crianças têm deficiência dos sistemas conceituais, mas possuem uma sintaxe correta. Os centros neuronais que asseguram certas operações sintáticas parecem se desenvolver de forma autônoma.

António Damásio e Hanna Damásio
Revista: Viver Mente & Cérebro Scientific American
Ano XIII Nº143 - Dezembro 2004

sexta-feira, 19 de março de 2010

A importância da garatuja

Rabiscos de criança são expressões da curiosidade, são tentativas e descobertas. Você não vai querer reprimir essa força criativa, certo?

É experimentando traços aparentemente sem nexo – as chamadas garatujas – que as crianças pequenas desenham na tentativa de representar o que interpretam do mundo à sua volta. Nos primeiros anos de escolaridade, é particularmente importante explorar sem amarras esse tipo de produção. Muitas vezes, porém, os rabiscos não recebem a devida atenção dos professores. Há certa ansiedade em direcionar o traço dos pequenos.

“Esse cerco, ao contrário do que se imagina, fecha portas para o fazer artístico”, afirma Mirian Celeste Martins, professora do curso de pós-graduação em Educação, Arte e Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Muitas crianças chegam ao Ensino Fundamental com a expressividade bloqueada justamente por conta do direcionamento que tiveram na infância para atividades como reproduzir ou colorir desenhos prontos”, diz Mirian. Nesse caso, a atenção da criança se volta para a dúvida se o trabalho é reconhecível ou não, em vez de estar no desenho em si.


Cada rabisco, uma descoberta

Desde a década de 1970, a pesquisadora americana Rhoda Kellog estuda os primeiros traços das crianças. Em suas pesquisas, ela observou e analisou quase 300 mil desenhos de crianças de todo o mundo e identificou padrões de estrutura, como rabiscos básicos e áreas de aplicação dos traços no papel (veja quadro abaixo).

Kellog mapeou 20 tipos de rabiscos de crianças de até dois anos de idade, produzidos de maneira bastante primitiva em variadas combinações. Um tempo adiante, essas linhas convergem para seis diagramas básicos: círculo ou oval, quadrado ou retângulo, triângulo, cruz ou X e formas irregulares. A eles, depois são agregados elementos como sóis, linhas radiais, perímetros e figuras humanas.

Embora apresentadas de maneira evolutiva, essas classificações não devem ser consideradas fases de desenvolvimento a ser perseguidas. “Elas são representações da ação da criança, de acordo com suas descobertas e com a interpretação que faz do mundo”, afirma a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Rosa Iavelberg.

Com muita sutileza, portanto, as garatujas revelam o olhar da criança. Observadores, os pequenos experimentam enquanto desenham e acabam estabelecendo relações que ficam na memória. Descobrem os resultados dos movimentos que fazem com o braço, buscam as possibilidades das formas – para depois dominá-las – e encontram os limites do papel. Assim, criam de forma autônoma. “É com a exploração desses rabiscos que a criança vai construir sua produção autoral”, acrescenta Rosa.

Além de ficar atento ao desenho das crianças, é importante criar um ambiente em que o desenho possa ser cultivado (Dois exemplos de atividades: Desenho na sombra e Criação com desafio). Quando possível, oferecer diversidade de materiais e suportes colabora para ampliar o repertório e estimula a viagem criativa da meninada. “A força que faz inventar os modos de desenhar, de jogar com a percepção, de brincar com linhas, formas e cores tem de ser potencializada pelo educador. Abrir esse espaço é mais do que simplesmente deixar fazer”, acrescenta Miriam. É preciso instigar a competência simbólica, provocar o aluno a ir além e não apenas ensinar a ele regras práticas da figuração. Com isso, foge-se do controle rígido da representação, que faz os pequenos reproduzir de forma sistemática os modelos estereotipados.

By Michele Silva
Revista Nova Escola. Dez/2009
                

     "Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade."
(S. Tomás de Aquino)