quinta-feira, 1 de abril de 2010

TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade


Algumas vezes já ouvimos alguém dizer assim: “Esse menino não pára quieto, deve ser hiperativo!” ou “esse menino é muito desatento, não presta atenção a nada!”. Sempre há um equívoco quando se fala em TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). Alguns pais por não entenderem do assunto, outras pessoas por confundirem crianças mal-educadas com hiperativas e por fim, profissionais que muitas vezes diagnosticam precocemente esse transtorno.

A principal origem do TDAH está na hereditariedade e cujas características são a falta de controle sobre a atenção, a impulsividade e a atividade motora. Exames de neuroimagem ligados à pesquisa sugerem que há uma hipoatividade do lobo frontal direito do cérebro durante atividades que exigem atenção concentrada, resultado de um metabolismo deficiente dos neurotransmissores, principalmente dopamina e noradrenalina. Isso resulta na falta de controle sobre as funções exercidas pelo lobo frontal direito. A incidência do transtorno é de 3% a 5% das crianças em idade escolar, dados estes confirmados no Brasil por Rohde (5,6%), cuja pesquisa foi realizada nas escolas públicas de Porto Alegre, e pelo grupo de estudo sobre TDAH da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, coordenado por Golfeto (3,82%) (Rhode, Mattos e cols., 2003).

Em geral, mais meninos são diagnosticados com TDAH do que meninas, em proporções que variam de 2:1, em estudos comunitários, até 9:1 em amostras clinicas. Essa diferença provavelmente se deve ao fato de, com freqüência, as meninas apresentarem TDAH com perfil predominante desatento, com poucos ou sem sintomas de hiperatividade. Assim, as meninas com TDAH acabam causando “menos incômodo” às famílias e à escola, e terminam sendo menos encaminhadas para diagnóstico e tratamento.

Pesquisas também mostraram que nas últimas décadas, 50 a 70% das crianças diagnosticadas com TDAH levam seus sintomas e problemas para a idade adulta. O diagnóstico do TDAH é bastante complexo e não deve ser limitado à meia hora de consulta com um profissional, já que outros quadros físicos e psicológicos apresentam sintomas semelhantes àqueles exibidos pela criança portadora do transtorno, como a Síndrome de Tourette, a Síndrome do X Frágil, vermes, depressão, perda de um familiar, dissolução da família etc. Os profissionais indicados para fazer o diagnóstico são: o neurologista, o psiquiatra como também o psicólogo e o pedagogo, estes devendo ter profundo conhecimento sobre desenvolvimento infantil.

A avaliação não deve se limitar ao exame neurológico do momento, mas deve incluir o histórico médico da criança e da família, bem como um levantamento do funcionamento atual da criança nos ambientes familiar, escolar e social. O resultado das avaliações psicológica e pedagógica é parte essencial do diagnóstico final. Os sintomas específicos do TDAH estão bem definidos pelo DSM IV, cujos critérios, também utilizados no Brasil, servem de base para o diagnóstico do transtorno: apresentar as características que definem os tipos; os sintomas devem ser constantes, com duração mínima de 6 meses; estarem presentes em mais de uma situação; serem mais intensos que o normal para o grupo etário e trazerem prejuízo para a vida do portador (APA, 1996). As duas listas elaboradas pelo DSM IV para definir os subtipos do transtorno levam em consideração comportamentos relacionados a habilidades e funções executivas que estão prejudicados em um portador. A predominância de um ou outro grupo de características é que define o tipo. Sintomas de Desatenção: dificuldades de prestar atenção a detalhes ou errar por descuido em atividades escolares; dificuldades de manter atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parecer não escutar quando lhe dirigem a palavra; não seguir instruções e não terminar tarefas escolares, domésticas e deveres de casa; evitar, ou relutar, em envolver-se em tarefas que exigem esforço mental constante; ser facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa; apresentar esquecimentos em atividades diárias ou perder coisas necessárias para as atividades. Sintomas de Hiperatividade: abandonar a cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; estar freqüentemente agitado, falando em demasia; mudar freqüentemente de atividades sem se ater a uma específica. Sintomas de Impulsividade: freqüentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas ou interrompe e mete-se em assuntos dos outros; constantes dificuldades em esperar sua vez.

O melhor procedimento diagnóstico e terapêutico a ser adotado diante de uma criança com TDAH é encaminhá-la para uma avaliação multidisciplinar procurando analisar todas as circunstâncias sociais, familiares e individuais que a rodeiam. É fundamental a compreensão que a patologia decorre de déficits de funções cerebrais básicas e que tais déficits repercutem-se sobre o comportamento da criança. As estratégias educativas e medicamentosas devem ter o objetivo de amenizar os efeitos destes déficits.

O TDAH é com freqüência apresentado, erroneamente, como um tipo específico de problema de aprendizagem. Ao contrário, é um distúrbio de realização. Sabe-se que as crianças com TDAH são capazes de aprender, mas têm dificuldade em se sair bem na escola devido ao impacto que os sintomas do TDAH têm sobre uma boa atuação. Por outro lado, 20% a 30% das crianças com TDAH também apresentam um problema de aprendizagem, o que complica ainda mais a identificação correta e o tratamento adequado. Pessoas que apresentaram sintomas de TDAH na infância demonstraram uma probabilidade maior de desenvolver problemas relacionados com comportamento opositivo desafiador, delinqüência, transtorno de conduta, depressão e ansiedade. Os pesquisadores, no entanto, sugerem que o resultado desastroso apresentado por alguns adolescentes não é uma conseqüência apenas do TDAH mas, antes, uma combinação de TDAH com outros transtornos de comportamento, especialmente nos jovens ligados a atitudes criminosas e abuso de substâncias. 

Quanto antes se buscar apoio, mais chances a criança terá de apresentar um desenvolvimento adequado a sua faixa etária, sem grande disparidade quando comparada a outras crianças de sua idade sem TDAH.

 apsicologiaresponde.blogspot.com/.../tdah.html ;

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